“A deficiência está na sociedade que não abarca a diversidade humana”, diz presidente da Comissão de Acessibilidade em webinário promovido pela SJRJ

O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado 21/09, não é apenas um marco para esse segmento da população: é um convite para que a sociedade repense sua relação com a diversidade humana. Atenta à questão, a JFRJ promoveu, no dia 24 de setembro, o webinário “Pessoas com deficiência: desafios e caminhos para a inclusão”. O evento reuniu vozes que vivem de perto as barreiras impostas por uma estrutura social ainda carregada de preconceitos.

O webinário contou com a participação da presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão na 2ª Região, dra. Cláudia Valéria Fernandes, e demais servidores. Entre os assuntos abordados, o capacitismo - preconceito praticado contra pessoas com deficiência baseado na ideia de que elas são inferiores, incapazes ou diferentes de um padrão considerado “normal” - e a importância da implementação de políticas institucionais que promovam a inclusão. O evento também trouxe à tona experiências concretas de servidores que enfrentam desafios diariamente e, mesmo assim, se destacam em suas funções. Os depoimentos de colegas - um evidenciaram que a superação das barreiras é necessária para que a sociedade reconheça a competência das pessoas com deficiência.

A magistrada falou sobre a realidade das pessoas com deficiência a partir da própria experiência como mãe de um jovem com paralisia cerebral severa. Ela destacou que sua trajetória pessoal a motivou a se engajar na luta diária pela inclusão. “É essa realidade que me move há 21 anos e que me fez estar engajada nesse movimento de luta da pessoa com deficiência. Não tem um dia de luta. Todos os dias são de luta”, reforçou.

Ao explicar que a deficiência é entendida hoje a partir de uma perspectiva social, a juíza enfatizou a importância de compreender essa suposta “limitação” como uma condição criada pela própria sociedade. “Não é a pessoa que tem deficiência. A deficiência está na sociedade que não abarca a diversidade humana”, criticou. Segundo a magistrada, esse modelo social levou a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, a elaborar, por exemplo, a Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A juíza defendeu, ainda, que atualmente não basta não ser uma pessoa capacitista: é necessário adotar uma postura anticapacitista, atuando ativamente para desconstruir estereótipos e promover igualdade de oportunidades. 

Além disso, o webinário abriu espaço para o planejamento de ações futuras. A juíza Cláudia Valéria anunciou a realização do 2º Fórum Nacional de Acessibilidade e Inclusão do TRF2, que será promovido no próximo dia 6 de outubro. “Para este evento trazemos sempre pessoas de diversos segmentos da sociedade civil e também de outros poderes, não só do Judiciário. Isso porque achamos que essa integração é importante, para que nós possamos movimentar todo o sistema para que essa matéria ande”, disse a magistrada.