Mostra Cultural Consciência Negra, em novembro, transforma CCJF em palco de escuta, reconhecimento e celebração da ancestralidade afro-brasileira

Com exposição, debates, performances e exibições audiovisuais, o evento se estabelece como um território de memória e de futuro, em que a herança africana se expressa em múltiplas linguagens: música, dança, teatro, cinema, literatura e artes visuais

Em novembro, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) realiza a Mostra Cultural Consciência Negra 2025, iniciativa que propõe um mergulho nas múltiplas dimensões da experiência negra no Brasil, destacando e valorizando sua produção artística e cultural. O espaço da Justiça Federal, historicamente associado ao poder jurídico e às estruturas de normatização social, transforma-se em palco de escuta, reconhecimento e celebração da ancestralidade afro-brasileira. A iniciativa promove reflexões sobre arte, Judiciário e cultura, ao ressignificar o CCJF não apenas como símbolo de poder institucional, mas também como território do povo: aberto à diversidade, à crítica e à escuta. 

Ao ocupar esse espaço, a mostra afirma a potência da população negra e instaura novas arenas de debate, em que resistência, memória e futuro se entrelaçam em movimento. Com exposições, debates, performances e exibições audiovisuais, o evento se estabelece como um território de memória e de futuro, em que a herança africana se expressa em múltiplas linguagens: música, teatro, cinema, literatura e artes visuais.“A cultura é uma força viva, que atravessa o tempo e transforma a sociedade, trazendo os espaços culturais como agentes dessa mudança. Ao reunir tantas expressões artísticas, o CCJF celebra não apenas a herança do passado, mas também a potência de um futuro que se constrói incessantemente na escuta e na ação coletiva”, enfatiza Maria de Oliveira, diretora da Divisão de Cultura do CCJF.

O conceito parte da ideia de que a Consciência Negra não se limita a uma data, mas constitui um processo contínuo de afirmação e transformação social. No espaço simbólico da Justiça Federal, a mostra se torna um chamado para refletir sobre desigualdades históricas e, ao mesmo tempo, celebrar as conquistas e resistências que moldam a identidade negra no Brasil. Na abertura, dia 1º de novembro, das 16h às 18h, no Teatro do CCJF, acontece a Roda de Conversa - Consciência Negra em Debate mediada por Patrícia Santos, gestora do Coletivo Negro da Justiça Federal. O encontro reúne artistas e produtores para discutir os desafios e conquistas da presença negra na música, literatura, audiovisual, teatro e artes plásticas. Com Lincoln Oliveira, Alek Lean, Taíla Borges, Débora Ondina, Alcides Sodré, Lucas Popeta, Ana Paula Cruz, Denise Soares e Renato Nogueira. No mesmo dia, às 19h, o Teatro do CCJF recebe o espetáculo Abdias do Nascimento, uma obra que revisita a vida e o legado do escritor, senador e fundador do Teatro Experimental do Negro, com os atores Lincoln Oliveira e João Vitor Nascimento, com direção de Paulo Guidelly.

No dia 2 de novembro, às 14h, o CCJF recebe Afroo! Experiência, uma iniciativa que propõe repensar o passado e reimaginar o futuro, resgatando o direito de ser quem somos, sem concessões. Por meio de uma roda de conversa com palestrantes e mediadores qualificados, o encontro promove um ambiente de acolhimento e fortalecimento comunitário. A proposta traz ainda uma proposta de produção audiovisual e uma feira de produções artísticas e artesanais.

Além da  apresentação da peça Abdias do Nascimento, a programação de artes cênicas segue de 14 de novembro a 21 de dezembro, de sexta a domingo em novembro e de quinta a domingo em dezembro, com a peça Quebrando Paradigmas, que acompanha a trajetória de um jovem negro da periferia que, ao ingressar em uma renomada escola de teatro, confronta ausências e apagamentos históricos, conectando sua identidade às lutas e conquistas do povo negro.

As artes visuais ganham destaque com a abertura, em 19 de novembro às 17h, da exposição Valongo: Justiça pela Memória do Cais, na Galeria do Térreo. A mostra, que conta com a Aula Magna -  Memória da Escravização: O papel da Justiça Federal para a reparação histórica como atividade extra no mesmo dia da abertura, evidencia o papel da Justiça Federal na proteção do patrimônio histórico e no reconhecimento do Cais do Valongo como lugar de memória e resistência. A visitação segue de 20 de novembro a 11 de janeiro, de terça a domingo, das 11h às 19h. Na literatura, o projeto Literatura Negra - Escrevivências do Rio para o Mundo ocupa a Biblioteca no dia 12 de novembro, das 14h30 às 18h. 

O audiovisual comparece com a mostra Vozes e Visões Negras, no dia 7 de novembro às 18h, exibindo os documentários Brilhante Escondido e A Cor do Cinema, seguidos de debate com integrantes das equipes. Em seguida, o cinedebate Saravá Shalom, em 8 de novembro, às 18h, traz a surpreendente narrativa que investiga os ritos africanos incorporados à cultura brasileira, revelando uma faceta inédita: a interlocução com a tradição judaica. O Cineclube Zezé Motta apresenta sua programação especial nos dias 26 e 28 de novembro, às 17h, reforçando a presença do protagonismo negro no cinema. Encerrando o mês, no dia 29 de novembro, das 15h às 20h30, o Black Queer Festival traz curtas de ficção, documentários, obras experimentais e videoarte em uma curadoria que celebra corpos dissidentes e narrativas interseccionais.

A música também marca presença na Mostra: em 5 de novembro, às 19h, o Teatro do CCJF recebe Ilessi & Marcelo Galter em um show intimista de voz e piano, que revisita clássicos e apresenta composições do álbum Atlântico Negro. No dia 20 de novembro, às 17h, é a vez de Débora Ondina subir ao palco com o espetáculo Estrelas de Ébano - Um tributo às damas pretas do Jazz à Bossa Nova, em homenagem a grandes vozes femininas da música. Por fim, no dia 27 de novembro, às 19h, a flautista solista Ana Paula Cruz grava ao vivo o álbum YBYTU - O Sopro Divino, unindo música erudita e popular em uma experiência potente e contemporânea.

Já nos dias 22 e 29 de novembro, das 15h às 18h, acontece a oficina de dança Charmeando, que apresenta a cultura Charme, ensina passinhos e termina em um animado baile com DJ.

A Mostra Cultural Consciência Negra 2025 propõe não apenas celebrar a história e a ancestralidade, mas também projetar novos futuros. Cada roda de conversa, espetáculo, mostra e oficina é um convite à escuta e à ação, reafirmando que a cultura negra é força criadora, caminho de transformação e fonte de inspiração para reimaginar o Brasil. “A questão racial não é uma pauta só das pessoas negras, é uma pauta de toda a sociedade. A Mostra Cultural Consciência Negra 2025 é um convite para que todos venham participar desse movimento. Queremos que o CCJF seja um espaço realmente para todos, aberto à diversidade e à troca em que cada um que passar por aqui possa se reconhecer na nossa história e sonhar junto com a gente novos futuros. Convidamos a todos para viver essa experiência conosco nesse encontro de arte, afeto e reexistência”, destaca Thays Acaiabe, servidora do Setor de Artes Cênicas e Audiovisual, uma das idealizadoras da Mostra.

Acesse a programação completa no site do CCJF.

Serviço 
Mostra Cultural Consciência Negra 2025
Datas, horários, locais, classificação indicativa e valores: conforme a programação disponível no site do CCJF
Local: Centro Cultural Justiça Federal - CCJF (Avenida Rio Branco, 241 - Centro - Rio de Janeiro)

Fonte: CCJF